O presidente Jair Bolsonaro afirmou (12/1) que precisou intervir em Manaus com a ajuda ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para impor o “tratamento precoce” na população diagnosticada com COVID-19 e diminuir as mortes pela doença na cidade.
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Foto reprodução Youtube |
Bolsonaro enalteceu a atuação de Pazuello e fez duras críticas ao primeiro titular da pasta em seu governo, o médico Luiz Henrique Mandetta, que foi demitido em abril do ano passado, após discordâncias com o presidente na forma de enfrentar o novo coronavírus no Brasil.
“Pazuello é uma pessoa excepcional. É a pessoa certa, no lugar certo. Se tivesse um [ex-ministro Luiz Henrique] Mandetta lá, até hoje esse marqueteiro da Globo estava recomendando ficar em casa e 'só vai para o hospital quando tiver falta de ar'. E continua, agora, tendo espaço na TV funerária, na capa da revista IstoÉ.
O médico, a cara do jegue lá, olhando para o pasto assim”, ironizou o presidente da República.
Bolsonaro disse a apoiadores no Palácio da Alvorada que enviou o ministro da Saúde à capital do Amazonas porque, segundo ele, a situação na cidade está um caos, se referindo ao aumento expressivo do número de casos e mortes.
Com recordes diários de hospitalizações, janeiro ultrapassou o total registrado em maio, quando o estado enfrentava primeira onda da COVID-19.
“Olha o que estava acontecendo em Manaus agora. Vamos falar Amazonas porque Amazonas se resume, em grande parte, a Manaus. São poucas cidades lá. [...] Aumentou assustadoramente o número de mortes. E mortes, pessoal, por asfixia porque não tinha oxigênio.
O governo estadual deixou acabar oxigênio. É morrendo asfixiado. Imagine você, morrendo afogado. Fomos para lá e ele [Pazuello] interferiu.
Estão falando já que interferiu. Então, vai deixar o pessoal morrer?", questionou.
Bolsonaro voltou a defender o uso de medicamentos sem comprovação científica como ivermectina e cloroquina no surgimento inicial de sintomas do novo coronavírus.
“É igual quando fala da hidroxicloroquina, da ivermectina. Vem ainda alguns que falam que não tem comprovação científica.
A gente sempre falou que não tinha. Quem não quiser tomar não tome. Agora, eu e mais 200 do meu prédio da Presidência que tivemos COVID tomamos.
Ninguém foi para o hospital. Então, ela serve para as duas coisas, segundo dezenas de milhares de médicos”, alegou.
Medicamentos podem causar efeitos colaterais
Em pronunciamento durante a visita a Manaus, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reforçou o tratamento precoce contra a COVID-19, frisando que o diagnóstico da doença deve ser feito pelo médico e que os exames laboratoriais ou de imagem são complementares.
Além disso, o ministro afirmou que a prescrição de uma medicação pode ser feita pelo médico antes dos resultados dos testes.
“O diagnóstico é do médico, não é do exame, não é do teste, não aceitem isso. (...) o exame laboratorial, o teste é complemento do diagnóstico médico, até porque a medicação pode e deve começar antes desses exames complementares. Caso o exame lá na frente, por alguma razão, dê negativo, ele reduz a medicação e está ótimo. Não vai matar ninguém, pelo contrário, salvará no caso da COVID”, indicou Pazuello.
Em ofício enviado à secretária de Saúde de Manaus, Shadia Hussami Hauache Fraxe, o Ministério da Saúde pressiona a gestão municipal a utilizar medicamentos antivirais orientados pelo Ministério da Saúde contra a COVID-19.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) já afirmou que não há comprovação de eficácia das medicações citadas acima no tratamento contra a COVID-19.
"Os estudos clínicos randomizados com grupos de controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns desses medicamentos podem causar efeitos colaterais. Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a COVID-19”, justificou a sociedade de saúde.
Em novembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontou que as substâncias mencionadas são indicadas apenas para o tratamento dos males e sintomas especificados na bula.
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