Veja como funciona o coquetel de anticorpos aprovado pela Anvisa
Sim a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso de mais um tratamento para a Covid-19.
Dessa vez, o aval foi dado para o banlanivimabe e etesevimabe que, juntos, constituem um coquetel de anticorpos monoclonais capaz de reduzir quadros graves da doença e mortes.
Este é o terceiro tratamento a ser liberado no Brasil, somando-se ao coquetel formado pelo casirivimabe e o imdevimabe e também ao remédio remdesivir.
O banlanivimabe e o etesevimabe são produzidos pela farmacêutica americana Eli Lilly.
Eles devem ser aplicados juntos por terapia intravenosa, e só devem ser utilizados em hospitais e com recomendação médica. Além disso, o coquetel é indicado apenas para casos leves e moderados de Covid-19, sendo prescritos para pacientes com maiores chances de evoluir para quadros graves. Aqueles que já estiverem hospitalizados ou que necessitarem do uso de oxigênio ou ventilação mecânica não devem receber o medicamento.
Os anticorpos monoclonais são proteínas desenvolvidas em laboratório capazes de identificar e combater corpos estranhos, como vírus e bactérias. O termo “monoclonais” passa a fazer mais sentido depois que você entende a tecnologia: no caso da Covid-19, os cientistas extraem o sangue de uma pessoa que se recuperou da doença e obtém a partir daí apenas um clone de célula, que servirá de padrão para a criação de cópias sintéticas de anticorpos.
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Dessa forma, os cientistas podem ser criteriosos na hora de selecionar os anticorpos, priorizando os anticorpos neutralizantes. Ou seja, quando o medicamento for injetado no corpo, os anticorpos deverão se ligar às proteínas do Sars-CoV-2, impedindo que o coronavírus invada as células e se multiplique.
O mecanismo é bem parecido àquele observado em vacinas, com a diferença de que elas induzem o corpo a gerar uma resposta imune, enquanto o medicamento entrega os anticorpos prontos para você.
O tratamento já havia sido aprovado em caráter emergencial nos Estados Unidos em fevereiro deste ano.
O FDA, agência regulatória americana, baseou o aval em um ensaio clínico feito para o coquetel que envolveu 1.035 adultos com sintomas leves a moderados da Covid-19 que tinham risco de evoluir para quadros graves.
Destes, 518 receberam uma dose do remédio, enquanto outros 517 entraram no grupo placebo.
Ao final, 47 pacientes precisaram de hospitalização, sendo 36 do grupo placebo e 11 que receberam o tratamento. Dez pessoas foram a óbito, todas do grupo placebo.
Dessa forma, foi concluído que o uso dos medicamentos combinados reduz as chances de internação e morte em 70%. O coquetel pode ser administrado a qualquer pessoa com mais de 12 anos que ultrapasse os 40 quilos, desde que o paciente não esteja já internado ou necessitando de oxigênio ou ventilação mecânica. Vale lembrar que o remédio não será comercializado em farmácias e deve ser aplicado apenas em hospitais diante recomendação médica.
Também não pense que o custo do coquetel é baixo: a dose sai por U$ 1 mil (R$ 5.300). Ainda não há informações sobre a inclusão do tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS); este ponto fica a cargo da decisão do Ministério da Saúde.
Mesmo assim, o novo coquetel ainda sai mais em conta do que o outro tratamento com anticorpos monoclonais liberado pela Anvisa em abril.
Para se ter uma ideia, os Estados Unidos planejavam adquirir 300 mil doses pelo valor mínimo de US$ 450 milhões, o que equivale a US$ 1.500 por dose (R$ 7.951). Os remédios em questão são o casirivimabe e o imdevimabe, produzidos pelas empresas Regeneron e Roche.
O Remdesivir, outro medicamento aprovado pela Anvisa em março, também é de difícil acesso.
O antiviral é recomendado para casos graves da doença, sendo prescrito a pacientes já internados. No entanto, seu custo pode chegar aos R$ 17 mil.
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